O autocuidado do AHSD
Para um AHSD, a vida pode ser uma montanha-russa de emoções e pensamentos, e por causa dessa neurodiversidade que o autocuidado se torna não só importante, mas vital.
A primeira e mais essencial ferramenta de autocuidado é o autoconhecimento. Sem ele, você fica batendo cabeça, se sentindo esquisito, estranho, como se não pertencesse a lugar nenhum, ou até de "outro planeta". A verdade é que, muitas vezes, você tinha razão em tudo que pensava, mas as pessoas é que não conseguiam entender ou se conectar.
O autoconhecimento te dá um mapa para entender quem você é, quem você não é e quem você nunca vai ser, resgatando a confiança em si e na vida. Ele te ajuda a validar suas características, muitas vezes confundidas com problemas ou "maluquices". É como se você ganhasse uma lente de aumento para a sua mente e emocionalidade, entendendo como elas impactam seu dia a dia e seus relacionamentos.
Acredite ou não, muitos com AHSD vivem brigando com a própria condição. Acham que a vida seria mais fácil sem essas habilidades, um verdadeiro "fardo". Mas ó, essa briga é uma cilada! Quanto mais você batalha contra quem você é, maior vai ser o sofrimento emocional e o estresse desnecessário. A sacada aqui é aceitar essa condição. Aprender a trabalhar com a sua condição, e não contra ela, é a chave para liberar seu potencial. É uma jornada de autoamor e autoconhecimento.
Se você tem uma "Ferrari" na garagem, e reclama dela porque não tem uma "estrada" para andar não resolve nada. O caminho não é tentar "se encaixar" ou "se normalizar", mas sim construir ambientes e relações que respeitem e celebrem sua singularidade.
Quem tem AHSD sente tudo em alta definição, numa intensidade que pode ser assustadora. Essa é a famosa "superexcitabilidade emocional" de Dabrowski, que te dá uma capacidade imensa para emoções complexas, mas também te deixa vulnerável em aspectos como estes:
Hiper-responsabilidade e Empatia Corrosiva: Você se preocupa com tudo, com o mundo inteiro, com a situação econômica, com a saúde emocional dos amigos e parentes. Sua empatia é tão profunda que pode ser "corrosiva" ou "patológica", te levando a se prejudicar para não ferrar o outro. Essa preocupação excessiva e a ruminação podem levar à ansiedade e depressão. O grande segredo aqui, meu camarada, é: "você não precisa salvar o mundo, você precisa primeiro cuidar de você!". Aprenda a definir limites e dizer "não" ao que não é sua responsabilidade.
Necessidade de Perfeição e Medo do Fracasso: Esse é um ponto sensível! Pessoas com AHSD travam se não podem fazer algo num nível perfeito. Querem dominar tudo nos mínimos detalhes. Isso pode gerar desmotivação e até traumas em situações de avaliação. A autocobrança e o perfeccionismo exacerbado são desafios constantes. Existe o perfeccionismo saudável (intrínseco), que busca beleza e harmonia, e o não saudável (extrínseco), que é ansiedade por desempenho. A dica é: nem tudo precisa ser perfeito, às vezes "o feito é melhor que o perfeito"!. Aprenda a lidar com erros como experiências de aprendizado, não fracassos.
Sua mente é um universo em constante expansão, cheia de ideias que se conectam como galhos de uma árvore – a famosa "arborização de ideias" ou baixa inibição latente. Isso é sinal de alta inteligência e criatividade, mas pode ser confundido com TDAH e te deixar sobrecarregado. O pulo do gato não é tentar frear isso, mas aprender a usar essa criatividade e pensamento arborizado a seu favor.
Hiperfoco e Motivação Foguete: Você funciona no modo "euforia" e "hiperfoco". É como ter uma bazuca, mas não saber usar. Muitos tentam "matar" esses períodos de hiperfoco, quando na verdade precisam aprender a direcioná-los para resolver problemas e projetos importantes. Se você aprender a fazer isso, a potência do seu motor será gigantesca!.
Funções Executivas: Apesar da sua inteligência, pode ser que habilidades como organização, planejamento e controle de impulsos não sejam seu forte natural. Isso é a "assincronia" no desenvolvimento, onde uma área é superdesenvolvida e outra nem tanto. É preciso treinar a disciplina e o esforço, mesmo que não venha com aquela motivação intrínseca de sempre. O descanso e a alternância entre foco e relaxamento são fundamentais para não "sequestrar" sua atenção e esgotar sua mente. A meditação, por exemplo, pode ser uma grande aliada para isso.
Encontrando Sua Tribo: A vida social de um AHSD pode ser um desafio. A sensação de ter que "atuar" ou "fingir um papel" para ser aceito, resultando em conversas superficiais e falta de conexão genuína, é real. Você valoriza a autenticidade e busca conexões significativas, baseadas em ideias e valores profundos.
Essa busca por profundidade, aliada à "singularidade" que te torna vulnerável socialmente, pode levar a um sentimento de isolamento existencial. Muitos AHSD preferem trabalhar sozinhos ou têm dificuldade em encontrar pessoas com mentalidade semelhante.
O autocuidado aqui passa por buscar seus "verdadeiros pares", pessoas que te entendam e com quem você possa ter intimidade, porque "tudo na vida é acelerado quando você consegue se conectar de verdade com alguém que te entende". Isso te dá a liberdade de ser quem você é, sem medo de ser diferente ou rejeitado.
Cuidando do Seu Templo: Sua sensibilidade não é só emocional, é também sensorial. Barulhos, cheiros, o tato... tudo pode ser mais intenso, tanto para o lado bom quanto para o ruim. Isso é a "sobrecitabilidade" agindo, e seu cérebro hiperconectado processa informações mais rápido, tornando as sensações mais vívidas.
O autocuidado físico é fundamental. Isso inclui gerenciar seu ambiente (como usar tampões de ouvido para conseguir pensar ou dormir, como o autor faz), cuidar do sono, praticar exercícios físicos (muitos AHSD têm alta energia psicomotora), e ter uma alimentação equilibrada. Tudo isso ajuda a acalmar seu sistema nervoso e a lidar com essa intensidade percebida do mundo.
A Importância do Apoio e da Comunidade: Uma das maiores lutas invisíveis dos AHSD é a sensação de que ninguém os compreende ou aceita. Muitos são diagnosticados erroneamente com TDAH, bipolaridade, depressão ou autismo, porque a condição de AHSD é pouco conhecida no Brasil.
Por isso, buscar profissionais que realmente entendem de Altas Habilidades e Superdotação é um ato de autocuidado gigante. Eles podem te ajudar a diferenciar suas características de possíveis transtornos e a desenvolver estratégias práticas para lidar com seus desafios e potencializar suas forças.
Além disso, conectar-se com outros indivíduos AHSD, seja em grupos de apoio ou comunidades online, é transformador. Você vai perceber que não está sozinho nessa jornada e que a troca de experiências é um tesouro.
Então, meu camarada, o autocuidado para quem tem Altas Habilidades e Superdotação é uma arte. É sobre se conhecer a fundo, aceitar sua essência, aprender a gerenciar suas intensidades, direcionar seu potencial, buscar conexões genuínas e cuidar do seu bem-estar integral.
Não é uma "receita" pronta, mas um caminho de constante descoberta e empoderamento. Comece hoje a sua jornada, porque sua magnificência merece ser vivida em plenitude!