Histórias de adolescentes AHSD
Um olhar externo sobre três adolescentes com Altas Habilidades e Superdotação em histórias hipotéticas, mas muito frequentes em toda a parte. E você, sentiu-se assim em algum momento de sua vida?
Aos 12 Anos: "A Adolescente Perfeccionista na Tempestade"
Aos 12, a Laura, que sempre buscou a perfeição, estava no auge da sua tormenta. Ela tinha uma apresentação de ciências importante, e a pressão que ela colocava em si mesma era monstruosa. Ela queria que fosse "perfeito", com cada detalhe no lugar, cada informação dominada. Mas essa necessidade de perfeição a fazia travar. Ela revisava e revisava, e por medo de não atingir o padrão ideal, quase desistiu do projeto. O medo do fracasso era real, e ela evitava situações que colocassem suas capacidades à prova.
A Laura sentia uma necessidade enorme de ser aceita pelos colegas, mas seu jeito de pensar e sentir era tão diferente que as relações sociais eram um desafio. Ela era super-sensível à crítica e sentia um turbilhão de emoções. Essa intensidade emocional, junto com o perfeccionismo, a colocava em risco de desenvolver transtornos de humor e ansiedade, especialmente na puberdade, que já era uma fase de muitas transformações. Para ela, a luta era interna e invisível.
Aos 15 Anos: "O Artista Deslocado e o Falso Eu"
Miguel, 15 anos, tinha uma alma de artista. Ele escrevia poemas complexos, pintava quadros que expressavam sentimentos que a maioria das pessoas nem sonhava em ter, e se conectava com a música de um jeito visceral. Sua superexcitabilidade imaginativa e emocional era gritante. Ele sentia as coisas com uma intensidade absurda, mas vivia com a sensação de ser "esquisito" ou "estranho".
Para tentar se encaixar nos grupos sociais da escola, ele criou uma "falsa personalidade", um "falso eu", atuando sempre para ser aceito. O problema é que isso gerava um estresse gigante e uma falta de conexão genuína. Ele preferia se isolar, sentindo que "nunca tinha uma conversa genuína". A falta de socialização genuína, por sua vez, fazia com que ele não confiasse nas próprias capacidades. Miguel, com sua mente complexa e arborizada, percebia as nuances e duplos sentidos nas conversas, mas não conseguia expressar a profundidade dos seus sentimentos, muitas vezes devido a um sistema límbico subdesenvolvido que dificultava a regulação emocional.
Aos 18 Anos: "A Gênia das Ideias Roubadas"
Ana, aos 18 anos, recém-saída do ensino médio, era uma fonte inesgotável de ideias geniais. Ela tinha soluções criativas para problemas complexos, inovava em tudo que pensava. Mas a vida, ah, a vida adulta, exigia mais do que só ter ideias. Muitos pacientes com AHSD relatam que suas ideias geniais foram implementadas por outros, e a Ana estava vivendo isso na pele.
O problema dela não era a criatividade, mas a falta de competências comportamentais como disciplina, organização e modulação emocional. Ela precisava aprender a ter um "achievement criativo". A "motivação foguete" dela, que a fazia funcionar quase só em estado de euforia e perseguição de desafios, não era suficiente para as tarefas do dia a dia ou do trabalho que não eram tão empolgantes. A Ana tinha um hiperfoco gigantesco, mas não sabia como direcioná-lo, como usar essa "bazuca" sem causar danos a si mesma. Ela via os outros, com ideias menos brilhantes, construindo startups e escrevendo livros, e se sentia frustrada, cobrando-se demais e sendo muito crítica consigo mesma.
Não é só sobre ser "inteligente", é sobre vivenciar o mundo de um jeito único, com desafios e potências que a maioria das pessoas nem imagina.
O mais importante é reconhecer e validar essas características, que muitas vezes são confundidas com problemas ou até "maluquices". Não é sobre se "normalizar", mas sobre aprender a gerenciar essas intensidades, potencializar as forças e construir uma vida mais autêntica. É como a gente sempre diz: o autoconhecimento é a primeira ferramenta que a gente precisa na vida.
E pra essa galera, que se sente tão diferente dos "neurotípicos", entender como funciona o próprio cérebro e as próprias emoções pode ser um verdadeiro divisor de águas, a "chave" para liberar o vasto potencial que têm.
Se você se identificou com alguma dessas histórias, ou se conhece alguém que se encaixa nesse perfil, saiba que tem um caminho, tem solução e, acima de tudo, você não está sozinho.
É um mundo complexo, sim, mas com o conhecimento certo, a gente consegue transformar essa luta invisível em uma jornada de muito impacto e realização.